O cerco de Jerusalém (29)
No início do capítulo 28 Samaria foi simbolizada por uma coroa de flores murchas. Neste capítulo um “ai” é pronunciado contra Jerusalém, simbolizada por “Ariel”.
A palavra hebraica ariel pode tanto significar "Leão de Deus", como “Lareira de Deus”. No versículo 9 o Senhor afirma ter Seu fogo e fornalha (lareira) lá. Também em Ezequiel 43:15,16, ariel é o altar-lareira de Deus.
A privilegiada cidade de Jerusalém era onde Davi tinha seu quartel-general. O povo ia lá para seguir suas rotinas religiosas formais, ano após ano, mas Deus traria tão grande aflição para a cidade que ela se tornaria apenas em um ariel. A cidade que fora Leão de Deus se tornaria comparável a um altar em chamas e Seu povo em vítimas sacrificiais. O Senhor permitiria que os seus inimigos acampassem ao seu redor, e levantassem baluartes e tranqueiras para sitia-la, de forma a abafar e silenciar os seus habitantes.
Mas num momento, repentinamente, Deus intervirá e a multidão dos seus inimigos será expulsa como poeira fina e joio. Quando os inimigos pensarem ter devorado Jerusalém completamente, eles serão frustrados e acordados como se de um sonho. A libertação de Jerusalém é garantida. Todas as nações que se levantam contra ela serão reduzidas a nada debaixo da potente mão de Deus.
A obstinação dos governantes, videntes e pessoas influentes tinha trazido sobre o povo um sono espiritual e cegueira. A vontade revelada de Deus tornou-se como uma carta ou livro selado, de forma que mesmo se alguém pudesse entender a escrita ele não poderia abri-lo, e mesmo se fosse aberto e entregue a um homem iletrado para ler ele teria que recusar devido à sua incapacidade de compreender as palavras.
Por sua religião ser só externa e seu único temor de Deus uma questão de credos memorizados, Deus irá realizar uma obra sobrenatural de julgamento, tirando sabedoria e discernimento das mentes mais agudas. Mera adoração e conformidade externa enquanto o coração está alienado, obedecendo somente ao preceito de homens, deve resultar na perda da sabedoria dos sábios e em esconder-se do entendimento dos entendidos. O mesmo estado de coisas prevaleceu quando Cristo estava na terra (Mateus 16:3, Marcos 7:6).
Em seguida temos outro “ai”, desta vez contra os que insensatamente procuram esconder o seu propósito do Senhor, como se Ele não fosse seu Criador e os conhecesse muito melhor ainda do que eles próprios. Pensavam que não tinham necessidade de Deus, que podiam agir sem o conhecimento dEle, como se um artefato pudesse negar ser a obra do seu artífice. Tal é a atitude absurda de todos aqueles que procuram agir independentemente de Deus.
Um dia de libertação chegaria quando Deus também vai inverter as coisas. O Líbano, que era uma floresta selvagem, será transformado em um campo fértil, e o que era considerado um campo fértil vai ser visto como nada mais do que um bosque. Então os surdos ouvirão e os cegos verão as palavras do livro, os mansos terão mais gozo no Senhor e os pobres se alegrarão no Santo de Israel. Por outro lado, o opressor será eliminado, o escarnecedor deixará de existir, o iníquo e o injusto serão removidos.
Isto, e o que se segue, sem dúvida se referem ao próximo Reino milenar de Cristo que é o “Santo de Israel", o Filho de Deus (veja Isaías 61:1, Sofonias 3:12, Mateus 5:3-5 e AQUI).
Os versículos seguintes (22 a 24) descrevem o remanescente dos israelitas, crente, aqui chamado Jacó (Romanos 11:26). A vergonha e o opróbrio da nação serão coisas do passado. Os filhos de Jacó vão perceber como Jesus Cristo interveio em nome deles e vão santificar o Seu nome, e temê-lo ao finalmente identificá-lo como o Deus de Israel. Os “errados de espírito” virão a ter entendimento da realidade da Sua pessoa, e os que reclamavam contra Ele serão instruídos para saber a verdade.
1 Ah! Ariel, Ariel, cidade onde Davi acampou! Acrescentai ano a ano; completem as festas o seu ciclo.
2 Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.
3 Acamparei contra ti em redor, e te sitiarei com baluartes, e levantarei tranqueiras contra ti.
4 Então serás abatida, falarás de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a tua voz debaixo da terra, como a dum necromante, e a tua fala assobiará desde o pó.
5 E a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos terríveis como a pragana que passa; e isso acontecerá num momento, repentinamente.
6 Da parte do Senhor dos exércitos será ela visitada com trovões, e com terremotos, e grande ruído, como tufão, e tempestade, e labareda de fogo consumidor.
7 E como o sonho e uma visão de noite será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra Ariel, sim a multidão de todos os que pelejarem contra ela e contra a sua fortaleza e a puserem em aperto.
8 Será também como o faminto que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, mas, acordando, desfalecido se acha, e ainda com sede; assim será a multidão de todas as nações que pelejarem contra o monte Sião.
9 Pasmai, e maravilhai-vos; cegai-vos e ficai cegos; bêbedos estão, mas não de vinho, andam cambaleando, mas não de bebida forte.
10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso, porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.
13 Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens, aprendidos de cor;
14 portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? e quem nos conhece?
16 Vós tudo perverteis! Acaso o oleiro há de ser reputado como barro, de modo que a obra diga do seu artífice: Ele não me fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem entendimento?
17 Porventura dentro ainda de muito pouco tempo não se converterá o Líbano em campo fértil? e o campo fértil não se reputará por um bosque?
18 Naquele dia os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos a verão.
19 E os mansos terão cada vez mais gozo no Senhor, e os pobres dentre os homens se alegrarão no santo de Israel.
20 Porque o opressor é reduzido a nada, e não existe mais o escarnecedor, e todos os que se dão à iniqüidade são desarraigados;
21 os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na porta, e os que por um nada desviam o justo.
22 Portanto o Senhor, que remiu a Abraão, assim diz acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face.
23 Mas quando virem seus filhos a obra das minhas mãos no meio deles, santificarão o meu nome; sim santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel.
24 E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão instrução.
Isaías capítulo 29