Isaías aqui declara “Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores” (v.1). Quando diz “eis que”, Isaías sempre se refere a algo ainda futuro para ele, e esta profecia ainda não foi cumprida conforme se percebe em todos os seus detalhes.
Nessa oportunidade os juízos de Deus parecem começar com a terra de Israel, mas se espalham para incluir a terra inteira e mesmo os perversos seres nos céus. "A terra" também pode ser traduzida como "o território", e a referência ao “sacerdote” no versículo 2 sugere que a terra de Israel está em vista nos primeiros três versículos. Observe como o texto alterna a terra e o povo. A destruição é cataclísmica e afeta todas as classes da população.
A universalidade da vinda destes julgamentos é descrita no versículo 2: povo, sacerdote, servo e serva, senhor e senhora, comprador e vendedor, credor, devedor, usurário e sua vítima. Toda a terra será esvaziada e saqueada, “porque o Senhor pronunciou esta palavra” (v.3). O próprio Senhor fará este julgamento e ao final dele a terra inteira estará vazia, desolada, sua superfície transtornada (virada de cabeça para baixo, talvez pelos seus polos), e dispersados seus moradores.
Este acontecimento futuro é um julgamento de todos os povos da terra, conhecido geralmente como “A Grande Tribulação” em que Deus derramará sua ira sobre os habitantes rebeldes da terra (só os “filhos da desobediência”, pois os que se salvaram pela fé em Jesus Cristo já terão sido arrebatados para não sofrerem com eles, conforme Efésios 5:6, Colossenses 3:6, 1 Tessalonicenses 1:10, 5:9).
A menção de "mundo" no versículo 4 sugere o aumento do teatro de julgamento. A causa da contaminação mundial é que a humanidade “desobedeceu às leis, violou os decretos e quebrou a aliança eterna” (v.5). Que aliança é essa?
Alguns sugerem que é “o pacto perpétuo entre Deus e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra” (Gênesis 9:16), o chamado “pacto de Noé” de Noé, mas este foi uma promessa incondicional de Deus a todo ser vivente sobre a terra.
Outros acham que se trata da lei mosaica, mas essa foi dada especificamente a Israel sendo parte do pacto eterno feito por Deus com esse povo descendente de Abraão, Isaque e Jacó, seus patriarcas (nunca se estendeu sequer aos gentíos que se convertem a Cristo).
O pacto nos parece ser simplesmente um acordo natural tácito entre Deus e a Sua criação: as bênçãos de Deus em troca pela submissão à Sua vontade, e a maldição como castigo pela rebeldia. É evidência da condescendência maravilhosa da parte de Deus que tem prazer em lidar com os homens em forma de convênio, para fazer-lhes bem e assim estimulá-los a prestar-lhe serviço. Mesmo aqueles que não foram beneficiados pela aliança de Deus com Abraão e sua descendência, gozaram da promessa do Seu pacto com Noé e do pacto eterno.
A humanidade restante por ocasião da “grande tribulação” terá transgredido as Suas leis, encontradas nas Escrituras, mudado Seus estatutos, e quebrado o pacto eterno. Mas o orgulho dos homens será consumido e o seu júbilo extinguido da terra pois perderão tudo o que lhes dava orgulho, e com que se engrandeciam.
As fontes da alegria e júbilo dessa humanidade ímpia, culpada das transgressões, são descritas nos restantes versículos 6 a 12:
Incêndios queimam os habitantes, restando poucos homens
As bebidas alcoólicas, que geram uma alegria artificial, rareiam
Cessa o som dos instrumentos musicais
Acaba a algazarra dos jubilantes
A bebida forte é amarga para os que a bebem
A cidade desordeira é demolida e todas as casas estão fechadas
Na cidade só resta desolação, a porta está arruinada, por falta de vinho há lastimoso clamor nas ruas, toda a alegria se escureceu e foi-se o prazer da terra.
Isso muito nos lembra as cidades devastadas pelas quadrilhas de malfeitores, exércitos de revolucionários, e inimigos terroristas em algumas partes do mundo hoje. As características são as mesmas.
1 Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores.
2 E o que suceder ao povo, sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como à sua senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como ao que toma emprestado; ao que recebe usura, como ao que paga usura.
3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o Senhor pronunciou esta palavra.
4 A terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.
5 Na verdade a terra está contaminada debaixo dos seus habitantes; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos, e quebram o pacto eterno.
6 Por isso a maldição devora a terra, e os que habitam nela sofrem por serem culpados; por isso são queimados os seus habitantes, e poucos homens restam.
7 Pranteia o mosto, enfraquece a vide, e suspiram todos os que eram alegres de coração.
8 Cessa o folguedo dos tamboris, acaba a algazarra dos jubilantes, cessa a alegria da harpa.
9 Já não bebem vinho ao som das canções; a bebida forte é amarga para os que a bebem.
10 Demolida está a cidade desordeira; todas as casas estão fechadas, de modo que ninguém pode entrar.
11 Há lastimoso clamor nas ruas por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, já se foi o prazer da terra.
12 Na cidade só resta a desolação, e a porta está reduzida a ruínas.
13 Pois será no meio da terra, entre os povos, como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está acabada a vindima.
Isaías capítulo 24, versículos 1 a 13