ISAÍAS
Profecias sobre as nações
As nações dos gentios
O julgamento de Tiro e Sidom (23)
Este é o último oráculo da série sobre as nações. A profecia diz respeito à destruição de Tiro.
A Babilônia representava o poder imperial. Tiro (situada no Líbano) significava poder comercial. Sua influência, com a da antiga cidade de Sidom (próxima de Tiro), referida aqui como se fosse mãe em relação a Tiro, (v. 4 e 12) era maior do que a de qualquer outra nação. Társis estava no oeste do Mediterrâneo e possivelmente correspondia à atual cidade de Guadalquivir na península ibérica. Sior é o nome hebraico para Siris, o Alto Nilo (aqui chamado de "rio"), uma região que se tornara em mercado supridor de cereais para as nações.
Os navios de Tiro navegavam a extensão do mar Mediterrâneo, transportando mercadorias desde a Espanha e também do Egito para o porto de Tiro.
Prenunciando a destruição de Tiro pelos caldeus da Babilônia, a profecia descreve em termos poéticos as suas consequências:
- Tiro seria arrasada, sem nela ficar casa ou abrigo, e se tornaria inútil para a atracação de navios para desembarque de mercadorias. Os marinheiros tomariam conhecimento disso em Quitim (Chipre), uma ilha próxima (v.1).
- Cessaria, portanto, o suprimento de mercadorias vindas de Társis e do Egito, particularmente os cereais produzidos em Sior. Tiro havia se tornado feira das nações, negociando com essas mercadorias importadas pelos mercadores de Sidom (v.2 e 3).
- A fragilidade de Sidom ficaria exposta, pois dependia do transporte marítimo que utilizava o porto de Tiro (v.4).
- O Egito também sofrerá grande prejuízo com a interrupção da exportação de seus produtos a Tiro (v.5).
- Társis também sofrerá pela mesma razão que o Egito (v. 6).
Assim sumirá Tiro, “a cidade alegre cuja origem é dos dias antigos, cujos pés a levavam para longe a peregrinar” (v. 7).
O idealizador e realizador da destruição de Tiro, “distribuidora de coroas, cujos mercadores eram príncipes e cujos negociantes eram os mais nobres da terra“ é o Senhor dos Exércitos (Deus o Filho), e o Seu propósito foi “para denegrir a soberba de toda a glória, e para reduzir à ignomínia os ilustres da terra. “ (v. 8 e 9).
Aos tírios se aconselha procurar asilo bem longe, em Társis. Eram orgulhosos habitantes de uma cidade antiga e próspera, mas seus pés agora vão levá-los para terras distantes. Tiro provavelmente é chamada a "filha de Társis" devido aos estreitos laços comerciais entre as duas cidades, embora distantes.
Assim como o Nilo transborda suas margens, os tírios poderão então desfrutar de liberdade e ser independentes da cidade mãe. Ela não pode mais exercer restrição pois perdeu sua autoridade. Mas não continuarão a se regozijar, porque não terão nenhum descanso em Chipre (v.12).
Os caldeus, que sucederam os assírios (v.13), vão desolar Tiro e trazê-la à ruína (Ezequiel 29:17, 18) durante os setenta anos da sua supremacia (Jeremias 25:9, 11, 29:10). "Conforme os dias de um rei" significa um período definido.
Em seguida o Senhor permitirá a restauração, mas inicialmente Tiro não vai se voltar para Deus. Ao contrário, voltará ao seu culto idólatra e ao seu comércio impuro com todos os reinos do mundo. Mas o seu comércio aguarda com expectativa a segunda vinda de Cristo quando "a filha de Tiro estará ali com presentes" (Salmo 45:12), e "seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam suficientemente; e tenham vestimenta esplêndida" (v.18).
R David Jones
1 Oráculo acerca de Tiro. Uivai, navios de Társis, porque ela está desolada, a ponto de não haver nela casa nem abrigo; desde a terra de Quitim lhes foi isso revelado.
2 Calai-vos, moradores do litoral, vós a quem encheram os mercadores de Sidom, navegando pelo mar.
3 Por sobre grandes águas foi-lhe trazida a sua provisão, a semente de Sior, a ceifa do Nilo; e ela se tornou a feira das nações.
4 Envergonha-te, ó Sidom; porque o mar falou, a fortaleza do mar disse: Eu não tive dores de parto, nem dei à luz, nem ainda criei mancebos, nem eduquei donzelas.
5 Quando a notícia chegar ao Egito, assim haverá dores quando se ouvirem as notícias de Tiro.
6 Passai a Társis; uivai, moradores do litoral.
7 É esta, porventura, a vossa cidade alegre, cuja origem é dos dias antigos, cujos pés a levavam para longe a peregrinar?
8 Quem formou este desígnio contra Tiro, distribuidora de coroas, cujos mercadores eram príncipes e cujos negociantes eram os mais nobres da terra?
9 O Senhor dos exércitos formou este desígnio para denegrir a soberba de toda a glória, e para reduzir à ignomínia os ilustres da terra.
10 Inunda como o Nilo a tua terra, ó filha de Társis; já não há mais o que te refreie.
11 Ele estendeu a sua mão sobre o mar, e abalou os reinos; o Senhor deu mandado contra Canaã, para destruir as suas fortalezas.
12 E disse: Não continuarás mais a te regozijar, ó oprimida donzela, filha de Sidom; levanta-te, passa a Chipre, e ainda ali não terás descanso.
13 Eis a terra dos caldeus! este é o povo, não foi a Assíria. Destinou a Tiro para as feras do deserto; levantaram as suas torres de sítio; derrubaram os palácios dela; a ruínas a reduziu.
14 Uivai, navios de Társis; porque está desolada a vossa fortaleza.
15 Naquele dia Tiro será posta em esquecimento por setenta anos, conforme os dias dum rei; mas depois de findos os setenta anos, sucederá a Tiro como se diz na canção da prostituta.
16 Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta, entregue ao esquecimento; toca bem, canta muitos cânticos, para que haja memória de ti.
17 No fim de setenta anos o Senhor visitará a Tiro, e ela tornará à sua ganância de prostituta, e fornicará com todos os reinos que há sobre a face da terra.
18 E será consagrado ao Senhor o seu comércio e a sua ganância de prostituta; não se entesourará, nem se guardará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o Senhor, para que comam suficientemente; e tenham vestimenta esplêndida.
Isaías capítulo 23