A Montanha do Senhor (2:1-5)
Estes versículos introdutórios se assemelham a Miqueias 4:1-3, contemporâneo de Isaías, porque ambos foram inspirados pelo Espírito Santo.
Antes de prosseguirmos, convém enfatizar que nas profecias de Isaías, assim como nas profecias bíblicas em geral, quando um povo é mencionado por nome, a profecia é dirigida especificamente a esse povo, por exemplo, Israel, Judá e Jerusalém. Quando Isaías usa uma figura de linguagem ele diz isso claramente. Devemos evitar a tendência, muito comum hoje em dia, de “espiritualizar” profecias para acomodá-las a alguma teoria teológica adotada por seitas ou igrejas denominacionais.
No primeiro versículo do capítulo 2, está declarado (no original) que o que se segue é a “palavra”, ou a “matéria” que Isaías “viu”. Quando os homens falam, outros ouvem; quando Deus fala o profeta vê: é sobrenatural. A visibilidade da palavra permitirá a magnífica visão por Isaías da glória do Senhor no capítulo seis.
Isaías agora sai da deplorável visão de Judá e Jerusalém dos seus dias e chega aos “últimos dias”: à luz das outras profecias bíblicas trata-se dos mil anos em que o Senhor Jesus Cristo reinará em justiça, com vara de ferro sobre todos os povos da terra (Apocalipse 2:27, 12:5, 19:15), antes do juízo final após o qual se dará a substituição do mundo atual por “novos céus e a nova terra” (Isaías 65:17, 66:22, 2 Pedro 3:13 e Apocalipse 21:1).
Durante o milênio, Jerusalém será estabelecida como a capital política e religiosa do mundo. "O monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais alto dos montes, e se exalçará sobre os outeiros, e a ele concorrerão os povos” (Miqueias 4:2). As nações dos gentios vão fazer peregrinações a Sião para adoração e para instrução divina (Salmo 76:4, 5).
"A ele concorrerão os povos," uma metáfora do pacífico fluir de um rio, em contraste com as tempestades do mar de conflitos e transtornos internacionais. Os construtores de Babel, que procuraram estabelecer um centro mundial, foram castigados com a confusão das suas línguas e foram espalhados pelo mundo. O monte Sião e a casa do Senhor se tornarão num centro de reunião para as nações, em reconhecimento do Seu poder e das Suas reivindicações.
Vai haver acordo e a decisão entre muitas das nações para ir ao monte Sião, "para a casa do Deus de Jacó," com um desejo genuíno de aprender e andar em Seus caminhos: "porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor". (Gênesis 22:14 será cumprida, veja também Isaías 51:4; Miqueias 4:2; Zacarias 8:3). "E Ele julgará entre as nações”.
O Senhor vai administrar a justiça em relação a questões internacionais e dificuldades que, atualmente, são muitas vezes motivos para a guerra. Ele repreenderá e retificará as ideias erradas e egoístas de muitos povos, resultando no fim da fabricação de armas de guerra e no florescimento da agricultura. Os recursos anteriormente gastos em munições serão gastos em equipamentos agrícolas.
A perspectiva gloriosa do Reino de Cristo move Isaías a chamar o povo de Judá ao arrependimento imediatamente e a andar na luz do Senhor
O Dia do Senhor (2:6-22)
Dirigindo-se diretamente a Deus, Isaías relata os pecados que levaram a nação de Israel (aqui rebaixada para o título de “casa de Jacó”) à rejeição por Ele. Em vez de olhar para o Senhor, ela se encheu de adivinhos do Oriente e de agoureiros, como os filisteus. Fez alianças proibidas com povos de outras nações. Em desobediência à lei de Deus (Deuteronômio 17:16, 17), amontoavam para si tesouros financeiros, cavalos e carruagens, confiando nestes para sua segurança. Adoravam ídolos que eles próprios tinham feito. Essas são as razões pelas quais Deus os tem humilhado e não perdoado – Deus não os pode perdoar.
Em uma transição repentina, Isaías salta adiante no tempo até os julgamentos do Dia do Senhor que vão preceder o Reino de Cristo. Dirigindo-se ao povo, o profeta os instrui para ir se esconder da presença do Senhor nas rochas e no pó e explica, em seguida:
Eles abandonaram a Rocha (Deuteronômio 32:4; Isaías 17:10; 26:4; 30:29); assim, devem fugir para a pedra natural e se esconder no pó da terra, antes do terror da presença do Senhor e "a glória de sua Majestade".
O orgulho deve ser transformado em humildade. Eles se curvaram aos ídolos; agora tudo o que se exalta será abatido, para que só o Senhor seja exaltado. Onde não é dado a Deus o seu devido lugar, tudo cai em ruína.
A partir daqui até o final do capítulo saímos das circunstâncias imediatas e vamos até o fim do domínio dos gentios, e às penas que devem cair sobre as nações ao tempo do segundo advento, preliminarmente, para a criação do Reino milenar. O período é descrito como "o dia do Senhor". A palavra "dia", quando usado desta forma, tanto no antigo testamento como no novo testamento, tem o duplo significado de tempo e de período. O dia natural traz para a luz o que estava na escuridão. Atualmente estamos limitados ao julgamento do homem (1 Coríntios 4:5), mas o homem é ignorante e muitas vezes um perverso juiz das coisas. Houve “dia do Senhor” nas relações judiciais de Deus com Israel no passado, especialmente na vitória sobre os inimigos (Jeremias 46:10; Ezequiel 13:5; 30: 3).
Aqui, no entanto, como em Joel 2:31 e Malaquias 4:5, o período indicado é ainda futuro. Dele constará a completa derrubada do poder gentio (Isaías 13:9-11; 34; Daniel 2:34, 44; Obadias 15) e a libertação dos judeus. Em Isaías 2:13 os cedros do Líbano e os carvalhos de Basã, ilustrativos da glória e poder naturais, são simbólicos de líderes militares das nações finalmente reunidos contra os judeus. Em Isaías 2:14 as montanhas e colinas, do mesmo modo simbólicas do poder natural, representam os poderosos reinos das Nações. O Senhor dos exércitos vai lidar com toda a arrogância humana, seja de indivíduos (cedros e carvalhos), governos (montes altos e colinas elevadas), poderio militar (torre alta e muro fortificado) ou comércio (navios e toda nau vistosa). A altivez do homem será nivelada e o Senhor será exaltado.
Os ídolos serão abandonados, para o homem procurar esconderijo “da presença espantosa do Senhor e da glória da Sua majestade, quando Ele se levantar para assombrar a terra”. Ficará claro, então, que o homem fugaz é indigno de confiança. Só o Senhor é digno da confiança total do seu povo.
1: A visão que teve Isaías, filho de Amoz, a respeito de Judá e de Jerusalém.
2 Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações.
3 Irão muitos povos, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
4 E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
5 Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.
The Day of the Lord
6 Mas tu rejeitaste o teu povo, a casa de Jacó; porque estão cheios de adivinhadores do Oriente, e de agoureiros, como os filisteus, e fazem alianças com os filhos dos estrangeiros.
7 A sua terra está cheia de prata e ouro, e são sem limite os seus tesouros; a sua terra está cheia de cavalos, e os seus carros não tem fim.
8 Também a sua terra está cheia de ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo que os seus dedos fabricaram.
9 Assim, pois, o homem é abatido, e o varão é humilhado; não lhes perdoes!
10 Entra nas rochas, e esconde-te no pó, de diante da espantosa presença do Senhor e da glória da sua majestade.
11 Os olhos altivos do homem serão abatidos, e a altivez dos varões será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia.
12 Pois o Senhor dos exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido;
13 contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;
14 contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados;
15 contra toda torre alta, e contra todo muro fortificado;
16 e contra todos os navios de Társis, e contra toda a nau vistosa.
17 E a altivez do homem será humilhada, e o orgulho dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia.
18 E os ídolos desaparecerão completamente.
19 Então os homens se meterão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, por causa da presença espantosa do Senhor, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra.
20 Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se prostrarem,
21 para se meter nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa da presença espantosa do Senhor e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra.
22 Deixai-vos pois do homem cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele estimar?
Isaías, capítulo 2