Ó Senhor, tem misericórdia de nós (capítulo 33)
Nos capítulos vinte e oito a trinta e dois, cinco desgraças (ais) foram pronunciadas contra Israel e Judá. A sexta agora é pronunciada contra a Assíria, e novamente a profecia parece ser do tempo de Isaías, para a derrubada ainda futura e final das potências anticristãs e o dia da libertação de Sião (versículos 20 a 34), todas sendo introdutórias para um desenvolvimento mais completo deste tema duplo no capítulo 34.
No décimo quarto ano de Ezequias a Assíria invadiu a terra com sua destrutividade e traição, e os juízos de Deus estão caindo sobre “os pecadores em Sião" (versículo 14). Mas a Assíria deve ser humilhada. Há a retribuição, ponto por ponto (versículo 1), e Isaías intercede por seu povo em seu momento de aflição. A resposta divina é clara, não só na época de Ezequias, mas no fim do "dia do homem", o tempo da grande tribulação. Os povos reunidos (plural, versículo 3) devem ser espalhados. O despojo será apreendido e destruído.
Os versículos 5 e 6 tratam de um intervalo, com vistas ao estabelecimento do Reino milenar. Nenhum período anterior de livramento correspondeu a esta descrição. O Senhor vai “encher Sião de retidão e justiça”. Com sua "sabedoria e conhecimento, dará a estabilidade (ou seja, segurança) do Seu tempo, e o temor do Senhor será o tesouro de Judá”, em marcante contraste com as relações havidas entre Ezequias e Senaqueribe, o rei da Assíria (2 Reis 18:14-16).
Os próximos versículos descrevem o estado lastimável de Israel, tanto sob os assírios, como também sob o Anticristo no futuro (Daniel 9:27), depois da quebra dos tratados entre eles: os versículos 7 a 9 recordam a ocasião quando Ezequias enviara embaixadores de paz a Senaqueribe e ele exigiu uma multa de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro. Mas mesmo assim não conseguiu subornar o assírio. Ele marchou contra Judá, deixando um rastro de destruição e sofrimento. Os enviados de Judá estão chorando amargamente por causa do fracasso de sua missão. A Assíria quebrou sua palavra ao invadir Judá. Os lugares mais cénicos se tornaram em cenas de desolação.
Em cima da hora o Senhor se levanta para lidar com o inimigo, e descreve a Assíria como concebendo palha e produzindo restolho. Em outras palavras, seus esquemas são fúteis. A mesma ira que exalou sobre os outros vai voltar como fogo para devorá-lo. Os povos terão um julgamento completo, como as queimas de cal e espinhos cortados são queimados no fogo.
As nações que estão "longe", são as que se reunirão no vale do Armagedom, os gentios que sobreviverem aos julgamentos em todo o mundo no dia da ira de Deus, que vão ouvir o que Ele fez. Os que “estão vizinhos” vão reconhecer o Seu poder. Entre os judeus haverá pecadores e ímpios, e eles não vão escapar dos julgamentos. Não há nenhuma parcialidade da parte de Deus.
Os únicos sobreviventes serão os que andam retamente e se separam de toda forma de mal. Estes habitarão nas alturas, serão protegidos e nutridos, e verão seu rei-Messias "na sua formosura e a terra que se estende em amplidão” (versículo 17). Essa é a recompensa de se recusarem a fazer e ver o mal.
Eles irão refletir sobre o terror que experimentaram durante a grande tribulação e se admirar da ausência agora dos seus algozes estrangeiros. Sião, ou Jerusalém, será vista em sua glória, pacífica, permanente, próspera. O Senhor estará com eles em majestade, sendo seu Juiz, Legislador, Rei e Salvador.
O significado exato dos versículos 23 e 24 escapa da compreensão de comentadores, havendo opiniões diversas sobre ele. Os versículos falam da fraqueza de um barco, impedindo-o de velejar, (ou de uma tenda como lugar de moradia), da repartição de despojos abundantes da qual até os coxos participarão, da saúde dos moradores e do perdão que lhes será concedido pela sua iniquidade.
Deus nos ensina, como irá ensinar os habitantes de Jerusalém, sobre a impossibilidade de nos salvarmos por nossas próprias forças. Ele nos dá fraqueza para que pela fraqueza possamos nos fortalecer, como Jacó teve que aprender. Tornado coxo fisicamente, ele mais do que nunca provou o poder todo-poderoso do Senhor. Paulo aprendeu a se gloriar em suas fraquezas, para que o poder de Cristo repousasse (espalhasse um tabernáculo) sobre ele 2Coríntios 12:9. Em nossas provações e dificuldades somos fortalecidos pelo amor de Cristo de uma maneira impossível sem elas. "Em todas estas coisas somos mais do que vencedores por Aquele que nos amou" (Romanos 8:35-37).
1 Ai de ti que despojas, e que não foste despojado; e que procedes perfidamente, e que não foste tratado perfidamente! quando acabares de destruir, serás destruído; e, quando acabares de tratar perfidamente, perfidamente te tratarão.
2 ó Senhor, tem misericórdia de nós; por ti temos esperado. Sê tu o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo da tribulação.
3 Ao ruído do tumulto fogem os povos; à tua exaltação as nações são dispersas.
4 Então ajuntar-se-á o vosso despojo como ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim sobre ele saltarão os homens.
5 O Senhor é exalçado, pois habita nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça.
6 Será ele a estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro.
7 Eis que os valentes estão clamando de fora; e os embaixadores da paz estão chorando amargamente.
8 As estradas estão desoladas, cessam os que passam pelas veredas; alianças se rompem, testemunhas se desprezam, e não se faz caso dos homens.
9 A terra pranteia, desfalece; o Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto; Basã e Carmelo ficam despidos de folhas.
10 Agora me levantarei, diz o Senhor; agora me erguerei; agora serei exaltado.
11 Concebeis palha, produzis restolho; e o vosso fôlego é um fogo que vos devorará.
12 E os povos serão como as queimas de cal, como espinhos cortados que são queimados no fogo.
13 Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos, reconhecei o meu poder.
14 Os pecadores de Sião se assombraram; o tremor apoderou-se dos ímpios. Quem dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? quem dentre nós pode habitar com as labaredas eternas?
15 Aquele que anda em justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita o ganho da opressão; que sacode as mãos para não receber peitas; o que tapa os ouvidos para não ouvir falar do derramamento de sangue, e fecha os olhos para não ver o mal;
16 este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio; dar-se-lhe-á o seu pão; as suas águas serão certas.
17 Os teus olhos verão o rei na sua formosura, e verão a terra que se estende em amplidão.
18 O teu coração meditará no terror, dizendo: Onde está aquele que serviu de escrivão? onde está o que pesou o tributo? onde está o que contou as torres?
19 Não verás mais aquele povo feroz, povo de fala obscura, que não se pode compreender, e de língua tão estranha que não se pode entender.
20 Olha para Sião, a cidade das nossas festas solenes; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará.
21 Mas o Senhor ali estará conosco em majestade, nesse lugar de largos rios e correntes, no qual não entrará barco de remo, nem por ele passará navio grande.
22 Porque o Senhor é o nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.
23 As tuas cordas ficaram frouxas; elas não puderam ter firme o seu mastro, nem servir para estender a vela; então a presa de abundantes despojos se repartirá; e ate os coxos participarão da presa.
24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela habitar será perdoado da sua iniqüidade.
Isaías capoítulo 33