O dia da vingança do Senhor (63:1-6)
Quando o Senhor Jesus voltar à terra pela segunda vez, agora para estabelecer seu Reino fisicamente na terra, Ele deve primeiro destruir seus inimigos. Essa destruição se fará em ocasiões e lugares diferentes: no vale do Armagedão (Apocalipse16:16), no vale de Josafá (Joel 3:12) e em Edom. Os seis primeiros versículos deste capítulo consistem em um diálogo entre os remanescentes redimidos de Israel, sobreviventes da grande tribulação, e o Senhor Jesus. O tempo é o da intervenção pessoal de Jesus Cristo para derrubar os inimigos gentios reunidos sob o Anticristo em Israel, assim cumprindo a promessa do Senhor no capítulo 62:11.
Pergunta o povo judeu, espantado com o poder e a glória do seu grande Libertador: "Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? Este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força? (veja mais detalhes AQUI). Ele vem como um conquistador à frente dos seus exércitos (ver Apocalipse 19:13 e 14).
O Messias está vindo de Bozra, uma metrópole de Edom, e as Suas gloriosas vestes estão vermelhas com o sangue dos inimigos de Israel. Quando perguntado por que o Seu vestuário está vermelho, ele usa a figura de um lagar para descrever o esmagamento dos Seus inimigos. Havia chegado a hora de se vingar deles e de resgatar o Seu povo. Na ausência de qualquer libertador meramente humano, Ele próprio entrou em cena e conquistou a vitória.
Comparando o salmo 29 com Daniel 11:45, vemos a razão porque Ele vem de Edom e Bozra (em Daniel, o "palácio" deve ser "acampamento militar"): ali o rei do norte se instalou com seu exército ao voltar da sua conquista do Egito, com o objetivo de derrubar seus inimigos gentios reunidos sob a confederação romana de dez reis. Essas nações dos gentios estavam se preparando para a guerra do Armagedão (Apocalipse 16:16).
O salmo 29 descreve poeticamente a completa derrota de todas as nações pelo poder da voz do Senhor. A geografia do salmo é interessante e significativa. A derrubada começa no Líbano (salmo 29:5,6) e varre até o deserto de Cades (salmo 29:8), no centro do qual se encontra Bozra. A destruição é rápida e completa. A distância do Sirion no Líbano (monte Hermon) até Bozra em Edom é 322 quilômetros, ou 1600 estádios, que é exatamente a distância profetizada em uma passagem paralela a Isaías 63 no Novo Testamento (Apocalipse 14:20), sobre o lagar da cólera de Deus. A harmonia das Escrituras em suas várias partes, portanto, é ilustrada de maneira impressionante.
Em resposta à pergunta da nação que havia livrado, o Senhor responde "Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar". O "Eu que falo" corresponde "à voz do Senhor" no salmo 29 (veja também Salmos 2:5) e à espada que vem da Sua boca, como mencionado em Apocalipse 19:21. Sua justiça será então manifestada pela libertação do seu povo terrestre.
No versículo 2 a segunda pergunta: “Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas vestes como as daquele que pisa no lagar?” é respondida nos versículos 3 e 4, onde o Senhor deixa clara a ocasião quando vai acontecer a destruição final dos poderes gentíos antes do Reino milenar. Ele diz “Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura, porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado”. Compare esta descrição vividamente metafórica do “pisar do lagar” com Joel 3:9-16, Apocalipse 14:17-20 e Isaías 19:15.
O “dia da vingança” contrasta com “o ano dos meus remidos”. O tempo da ira de Deus é curto, pois "o Senhor executará a Sua palavra sobre a terra, consumando-a e abreviando-a” (Romanos 9:28). A ternura do coração do Senhor para com Seu povo, Seu por aliança e promessa, manifesta-se no resto da Sua resposta à segunda pergunta, “Olhei, mas não havia quem me ajudasse; e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço me trouxe a vitória; e o meu furor é que me susteve. Pisei os povos na minha ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra o seu sangue.”
As palavras ira e furor são repetidas três vezes neste capítulo: grande vai ser a vingança do Senhor Jesus sobre os inimigos de Israel nessa ocasião, pois “horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).
As benignidades e os louvores do Senhor (63:7-14)
Em contrapartida, nos versículos 7 a 14, Isaías celebra “as benignidades e os louvores do Senhor” para com a casa de Israel (trata-se dos descendentes de Jacó, cujo nome foi mudado para Israel pelo Senhor – Gênesis 32:28). Tal celebração também convém fazermos nós, os crentes em Cristo, pois além do Senhor nos ter salvo da perdição eterna, levando sobre si os nossos pecados, Ele ainda nos concede incontáveis bênçãos materiais e espirituais, correspondendo à bondade e multidão de benignidades que concedeu aos israelitas.
No versículo 8 o Senhor expressa a Sua aprovação do Seu povo redimido, o remanescente justo de Israel, que esperava por Sua salvação, durante o tempo da grande tribulação, em contraste com os muitos que terão permanecido na apostasia, submetendo-se ao Anticristo. Este contraste é intimado na declaração divina: “certamente eles são meu povo, filhos que não procederão com falsidade”. O profeta então declara que por esta razão, “Ele se fez o seu Salvador” e prossegue para mostrar como Ele agiu como tal: “Em toda a angústia deles foi Ele angustiado” (versículo 9).
Muito tempo atrás, quando Israel voltou-se para o Senhor em arrependimento dos seus pecados como resultado de Seus castigos, "o Senhor se moveu de compaixão por causa da desgraça de Israel” (Juizes 10:16, compare com Isaías 2:18). Assim também no próximo tempo de angústia para Jacó, Suas ações terão em vista tanto a derrubada de seus inimigos, como a remoção da Sua mão de castigo na hora determinada. Essa declaração revela a ternura das compaixões do Senhor. Seus castigos são sempre ministrados com amor (Hebreus 12:5-11), “porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lamentações 3:33). Ele se entristece ao ver a sua obstinação e também por ser obrigado a castiga-los por isso.
Em seguida, vem o modo real do Seu poder de livramento: “o anjo da Sua presença os salvou: no Seu amor, e na Sua compaixão os remiu” (versículo 9). Aqui o pensamento é levado não só para a salvação futura, mas através da história do Seu procedimento no passado. O Senhor esteve séculos antes com Seu povo no pilar de nuvem e fogo e no tabernáculo, e o Anjo não era outro senão o próprio Cristo, Deus o Filho, que mais tarde se encarnou como Jesus (ver Êxodo 23:20,23, 32:34, 33:2). Sua presença foi mais do que a simples existência de Deus no meio deles, mas indicou também o Seu acompanhamento na pessoa do Anjo. A metáfora de tomar e carregá-los todos os dias da antiguidade, lembra o texto de Deuteronômio 32:10 a 12 onde em sua canção Moisés relata a bondade de Deus durante sua jornada no deserto.
Mas, mesmo naquele tempo, o povo se rebelou e entristeceu o Santo Espírito de Deus, um pecado sobre o qual somos alertados em Efésios 4:30. Por isto Deus se tornou em inimigo e pelejou contra o povo.
Do versículo 11 a 14 é mencionado o outro lado do relacionamento de Deus, sua misericórdia por eles ao livrá-los do Egito, e dando-lhes descanso para que Seu nome pudesse se tornar glorioso. No final do versículo 14 Isaías se dirige a Deus, lembrando-lhe de Sua bondade, assim introduzindo a oração pela redenção e libertação do povo que se segue, e que vai do versículo 15 até o fim do capítulo 64 (veja a página seguinte).
1 Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu, que falo em justiça, poderoso para salvar.
2 Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas vestes como as daquele que pisa no lagar?
3 Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura.
4 Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é chegado.
5 Olhei, mas não havia quem me ajudasse; e admirei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço me trouxe a vitória; e o meu furor é que me susteve.
6 Pisei os povos na minha ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra o seu sangue.
7 Celebrarei as benignidades do Senhor, e os louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos tem concedido, e a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que ele lhes tem concedido segundo as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas benignidades.
8 Porque dizia: Certamente eles são meu povo, filhos que não procederão com falsidade; assim ele se fez o seu Salvador.
9 Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor, e na sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os carregou todos os dias da antigüidade.
10 Eles, porém, se rebelaram, e contristaram o seu santo Espírito; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles.
11 Todavia se lembrou dos dias da antigüidade, de Moisés, e do seu povo, dizendo: Onde está aquele que os fez subir do mar com os pastores do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio deles o seu santo Espírito?
12 Aquele que fez o seu braço glorioso andar à mão direita de Moisés? que fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno?
13 Aquele que os guiou pelos abismos, como a um cavalo no deserto, de modo que nunca tropeçaram?
14 Como ao gado que desce ao vale, o Espírito do Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso.
Isaías capítulo 63, versículos 1 a 14