7. A restauração do amor de Israel ao Senhor (versículos 1 a 5).
Estes cinco primeiros versículos do capítulo 3 são uma conclusão da primeira mensagem de Jeremias, que começou, no capítulo anterior, com uma referência à devoção de Israel ao Senhor: " Eu me recordo bem do teu profundo e leal amor como minha noiva..." (capítulo 2:2). Aqui distinguimos quatro coisas:
O primeiro versículo começa com uma pergunta: “se um homem se divorciar da sua mulher, e ela casar com outro, poderá ele voltar a casar-se com ela?” A lei mosaica proibe um homem de casar novamente com sua antiga mulher em tais circunstâncias (Deuteronômio 24:1-4). Israel, elevada em figura à posição de “esposa do Senhor”, O traira vergonhosamente com sua idolatria e seria agora abominação para o Senhor recebê-la de volta como esposa, segundo a lei.
No entanto, no restante deste capítulo, o Senhor exorta Judá a arrepender-se para que haja a reconciliação (versículos 7, 12-14, 22). O Senhor, o Legislador, está acima da lei e exerce a Sua graça para que a justiça se complete. Por exemplo, Rute era uma moabita e por isso foi excluída de Israel (Deuteronômio 23:3), mas foi honrada pelo Senhor ao ponto de se tornar ancestral do rei Davi e do Senhor Jesus. O Senhor concede a. Sua graça acima da Sua lei. Assim também Ele estava disposto a perdoar Judá apesar de todas as suas falhas passadas.
O Senhor se empenha em persuadir Israel da sua profunda necessidade de arrependimento: "Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia.". "O árabe no deserto" pode ser uma referência aos beduínos saqueadores. A nação de Israel estava tão ansiosa para cometer idolatria, quanto as tribos do deserto por pilhagem.
“Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia; contudo tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha". Isto deve ser comparado com Amós 4:7-8. A ausência de chuva e orvalho era evidência do desagrado divino. Elias referiu-se a Deuteronômio 28:23-24 em proclamar, "vive o Senhor Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra” (1 Reis 17:1). Isto será repetido no fim dos tempos quando "duas testemunhas" de Deus terão "poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia" (Apocalipse. 11:6). Lembremos que, assim como a retenção de orvalho e chuva era evidência do desagrado divino, também a ausência de bênção divina na vida do povo de Deus é um verdadeiro sinal que algo está terrivelmente errado. Se a Bíblia se tornou árida, a oração tornou-se uma forma sem vida e há condições de seca na alma, então o apelo de Deus para Judá é o Seu apelo ao Seu povo de hoje: "Voltem novamente para mim, diz o Senhor".
O Senhor Jesus citou Isaías 29:13 ao dizer, " Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.” (Mateus 15:8). Este é, evidentemente, o significado aqui: “Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade; reterá Ele para sempre a Sua ira? Ou indignar-se-á continuamente?”. Ao que o Senhor responde: "Eis que assim tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste". As palavras "há pouco" sugerem que isto se deu no período de reformas de Josias. Mas a declaração do povo que Deus agora seria seu guia era superficial. O povo usou a linguagem certa, "meu Pai", mas só isso.
O povo negociava com a misericórdia de Deus, sem exibir um arrependimento verdadeiro. Pelo contrário, prosseguiu com vigor e determinação nos seus desígnios perversos. As palavras, "tu és o guia da minha mocidade", se referem ao tempo quando foram tirados do Egito e O seguiram pelo deserto (capítulo 2:2). Ao sofrer os desastres e horrores consequentes da sua traição, sem se envergonhar do seu comportamento, Israel diz-se inocente, clama ao Senhor chamando-o de “Pai e amigo da sua juventude” e pergunta se Ele vai ficar irado para sempre e se Seu ressentimento permanecerá até o fim. Embora falasse assim, Israel “faz todo o mal que pode” (versículo 5, NVI).
Aqui termina a primeira mensagem de Jeremias.
1 Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o Senbor.
2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia.
3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia; contudo tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha.
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade;
5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á continuamente? Eis que assim tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste.
Jeremias, capítulo 3 versículos 1 a 5