"Salvação" é uma palavra que aparece nada menos que 164 vezes na Bíblia! Aparece pela primeira vez no seu primeiro livro, onde se lê: "A tua salvação espero, ó SENHOR!" (Gênesis 49:18). Tendo se afastado de Deus por causa da sua desobediência, só Deus podia trazer salvação para o homem.
O dicionário Houaiss nos diz que "salvação" é a ação ou efeito de salvar(-se), de libertar(-se), é a passagem de uma situação difícil para outra confortável; triunfo, vitória, independência; redenção, resgate, remissão, e felicidade eterna obtida após a morte. Diante de Deus o homem precisa de salvação porque:
Está preso na vontade do diabo (2 Timóteo 2:26).
Está em situação difícil pois é inimigo de Deus e está sujeito à Sua ira (João 3:36, Romanos 5:10, Colossenses 1:21)
Enfrenta um inimigo forte demais para ele, ou melhor, três: sua própria natureza perversa chamada de "carne" na Bíblia (Romanos 7:18), a corrupção do mundo (2 Pedro 1:4) e o diabo que é o pai da mentira (João 8:44).
É um grande devedor e não tem como pagar a sua dívida, também chamada de "culpas" (Isaías 64:6)
Está condenado à infelicidade eterna depois da morte, chamada de eterna perdição (2 Tessalonicenses 1:9).
Sabendo disso, e porque Deus ama a humanidade apesar da sua inimizade, Ele encontrou um meio de salvar a todo aquele que reconhece o seu estado desesperador e deseja salvar-se (infelizmente muitos não reconhecem e preferem ficar como estão, sem salvação).
A salvação é concedida gratuitamente (o que a Bíblia chama de "graça") quando o homem se arrepende do seu pecado e coloca a sua fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus, recebendo-o como o seu Senhor e Salvador. Nesse instante ele é libertado do diabo, Deus o adota como seu filho, dá-lhe o Espírito Santo para que tenha força para vencer o inimigo, suas culpas são perdoadas pois Jesus Cristo deu o seu sangue para levar o seu castigo, e lhe dá a vida eterna, que consiste na comunhão permanente com Deus aqui e na eternidade, uma felicidade sem fim.
Tendo Jesus Cristo como seu Senhor, ele terá alegria em aprender a Sua Palavra, que, como água, tem poder para lavar a sua vida para que se apresente limpo diante de Deus. A palavra "salvação" aparece pela última vez, apropriadamente, no último livro da Bíblia, onde lemos: "Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus" (Apocalipse 19:1).
"Como escaparemos nós se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram?" (Hebreus 2:3). A resposta é: não existe outra salvação! Quem não se valer dela estará perdido por toda a eternidade! O Senhor Jesus disse: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." (João 3:36).
Os três conceitos que se seguem são complementares:
A salvação é pela graça, por meio da fé: Efésios 2:8-9: "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie", Romanos 3:28: "Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.", etc.
A fé é demonstrada pelas obras: João 3:21: "quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus", Atos 26:20: "anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento", Efésios 2:10: "Somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" e Tito 1:16 "Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra".Tiago 2:13-17 tem sido interpretado e usado erradamente por alguns, sem o cuidado de verificar o ensino claro das Escrituras em outros lugares, para apoiar a heresia segundo a qual somos salvos pela fé mais as obras, o que é chamado de "sinergismo". No entanto, o que temos aqui é a importância das "obras", fruto do Espírito Santo, para provar que somos salvos. É uma questão de evidência. A salvação vem pela graça de Deus (Romanos 3:24), pela fé do homem em Seu Filho (Romanos 5:1), e a justificação de Deus (Romanos 8:33) por meio do poder (Romanos 4:25) do sangue de Cristo (Romanos 5:9). Esse é o poder que ressuscitou Cristo da morte, confirmando que Deus está satisfeito. As obras são o resultado da salvação, e são evidência da realidade de nossa fé. Uma fé declarada, sem estar acompanhada das obras da fé, não é fé salvadora, mas é uma declaração inválida, inexistente, morta. Somos prevenidos contra esse tipo de fé, em outras partes da Escritura, por exemplo: "Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão." (1 Coríntios 15:1-2), e "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados." (2 Coríntios 13:5). Este significado é compreendido melhor mediante a ilustração dada por Tiago: se dentro da igreja alguém está com falta de roupa ou alimento, e outro lhe diz para se vestir e comer sem suprir o que precisa, estas são palavras vazias porque não ajudam o necessitado e colocam em dúvida a sinceridade de quem as disse. A fé salvadora é viva e é provada pelas obras da fé, o fruto do Espírito (Gálatas 5:22, Efésios 5:9). A fé apenas declarada é morta, não salva, consequentemente não produz fruto, ou obras. Não é fé, apenas palavras. A verdadeira fé e as obras são inseparáveis, e isso é ilustrado num debate imaginário entre dois homens, um dos quais é genuinamente salvo e produz obras da fé e outro que diz que tem fé mas não produz as obras. A palavra chave aqui é o verbo "mostrar": o primeiro desafia o segundo a mostrar a sua fé, que é algo invisível, intangível. Ambos têm fé, mas de espécie diferente: o primeiro tem fé viva, salvadora, e tem as obras para mostrar, o segundo apenas diz que tem fé mas sem mostrar qualquer prova. É óbvio que esta passagem não ensina que a salvação vem pelas obras e não pela fé, ou mesmo pela fé junto com obras. Só a fé pode salvar, mas tem que ser genuína, provada pela obediência em fazer aquilo que é agradável a Deus. Isto são as obras. A matéria toda se resume no último versículo. A fé é comparada ao corpo humano e as obras assemelhadas ao espírito (fôlego) que dá vida ao corpo. O corpo é feito de matéria e é inerte, sem vida e inútil sem o espírito. A fé falsa não produz obras e é igualmente inerte, sem vida e inútil. Não é fácil saber quando alguém está morto, mas a ausência de um sinal de fôlego num vidro colocado junto à boca e ao nariz prova a morte. É uma figura assustadora da fé morta em nossas igrejas e em membros da igreja que se dizem vivos mas estão mortos (Apocalipse 3:2). Para mais explicações sobre essa passagem de Tiago, recomendo ler aqui.
A santificação do salvo se faz sob dois aspectos: o posicional e o progressivo.
A santificação posicional foi feita por Jesus Cristo, como parte da nossa salvação: 1 Coríntios 1:30 "Vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" ; 1 Pedro 1:2 "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito ...". Sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hebreus 12:14), mas o crente tem a sua santificação concedida pela sua fé em Cristo. O crente é santo, e todos os crentes são chamados "santos" na Bíblia.
A santificação progressiva consiste no exercício da fé cristã mediante a separação dos desejos da carne e do mundo e da devoção a Deus: 2 Coríntios 7:1 "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." Esta não é uma condição para a salvação, pois a salvação é concedida uma vez só na vida de cada crente, por toda a eternidade, e nunca lhe será tirada.
Não é possível responder a essa pergunta sem saber a que aspecto da salvação, ou do reino de Deus, essa pregação está se referindo. Tanto a salvação como o reino de Deus têm aspectos diferentes na Bíblia. Sem entrar em detalhes, que tomaria muito espaço, vejamos uma síntese:
Salvação:
"Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo" (Atos 16:31). Esta é a salvação da pena do pecado, mediante a qual o pecador nada faz além de crer, portanto não precisa se esforçar para ser salvo. Deus a concede gratuitamente, transferindo para o pecador a justiça do Senhor Jesus.
"Operai a vossa salvação com temor e tremor" (Filipenses 2:12b). Esta é a salvação do poder do pecado, que está ainda em volta do crente e exige dele esforço para livrar-se das tentações. Se cair, ele não perde a salvação da pena do pecado, pois o perdão é eterno: passado, presente e futuro. Mas o crente que cai em pecado precisa se arrepender para continuar a usufruir das bênçãos de Deus. (1 João 2:1,2).
"E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé." (Romanos 13:11). É a salvação da presença do pecado: ao morrer, vamos para a presença de Deus. E a esperança de todo o crente é a volta do Senhor Jesus para levá-lo, com toda a Sua igreja presente na terra, para estar com Ele por toda a eternidade (João 14:3).
Reino de Deus (ou de Cristo, ou dos céus):
Sua primeira fase foi enquanto o povo de Israel era submisso e obedecia às leis e estatutos de Deus, não só por ações, mas de coração. Esta fase terminou com o afastamento da nação, quando então o reino lhe foi tirado e dado a "um povo que dê os frutos do Reino" (Mateus 21:43).
A segunda fase é a do governo de Jesus Cristo sobre aqueles que o recebem como Senhor e Salvador: esta submissão dos pecadores se faz por ocasião da sua conversão, sendo parte integrante da sua salvação da pena do pecado. A parábola das dez minas (Lucas 19:11-26) ilustra esse reino, em que o Rei se encontra distante.
A última fase é a do reino do Senhor Jesus Cristo sobre os povos da terra, eterno, quando da Sua segunda volta ao mundo. A "parábola da porta estreita" (Lucas 13:22-30) diz respeito a ele, como vemos no versículo 29: "virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus". Talvez o pregador esteja se referindo a esta última fase, em vista do versículo 24: "Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
É claro que este "esforço" consiste em entrar enquanto há tempo. A salvação e a entrada no reino de Deus está disponível a todos hoje, e o pecador deve tratar de se arrepender e converter enquanto pode, isto é, enquanto a porta está aberta para ele. Ela não estará aberta eternamente, e, se ele não se esforçar tomando a iniciativa para entrar agora, amanhã pode ser muito tarde.
Não existe contradição entre Paulo e Tiago: o trecho do capítulo 3:21 a 5:2 de Romanos e o capítulo 2 de Tiago se complementam como os dois lados de uma mesma moeda. Vejamos:
Em Romanos aprendemos que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, mas Deus justifica gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, todos aqueles que nEle crêm, manifestando assim a Sua justiça. Os judeus confiavam nas "obras": a obediência à lei de Moisés; mas essas obras lhes davam crédito apenas, sem a justificação que é dada por Deus pela graça. Somente a fé justifica o homem diante de Deus. Deus vê a fé.
Em Tiago as boas obras feitas por quem diz que tem fé provam aos homens que ele está dizendo a verdade. Uma fé que não produz as obras resultantes da justificação é uma fé "morta", falsa. Impossibilitados de ver a fé, os homens vêm as obras para saber se houve a justificação. Aos seus olhos, as boas obras justificam quem as faz.
Em suma, a ilustração em Romanos 4:2 é tirada de Gênesis 15:6, e a de Tiago vem de Gênesis 22:1-19. A frase "vês, então," é a chave, porque os homens não podem ver a fé a não ser que seja manifestada pelas obras.
Se há maior ênfase nas igrejas evangélicas sobre fé pura e simples, sem dúvida é porque "sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus 11:6). Unicamente a fé em Cristo salva o pecador, e é também unicamente a fé contida na Palavra de Deus que pode alimentar a nossa vida espiritual e instruir-nos no caminho de Deus.
As boas obras serão o resultado da fé, pois "fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2:10). Boas obras sem fé são inúteis, e não produzem fé. Fé sem boas obras é morta, pois a fé viva resulta em boas obras, provando a sua existência. O Senhor Jesus disse: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus."
Lutero sem dúvida foi um grande batalhador pela fé, afastando-se corajosamente da instituição católico-romana, com risco da própria vida, quando percebeu a sua falsidade. Mas a grande maioria das igrejas evangélicas pouco conhecem ou se interessam a respeito das opiniões pessoais que ele expressou, pois nossa base é fundamentada inteiramente no ensino da Bíblia. Não se pode, portanto, concluir que elas adotam algum "preconceito" criado ao tempo dele, se é que houve.
Por "fé descompromissada" entendo que quer dizer fé que não resulta em obras. A fé morta, inexistente, conceitual e intelectual apenas. Existe agora, como existia no tempo em que a epístola de Judas foi escrita, mas não é o mesmo que "fé pura e simples". Esta é viva e eficaz e produz boas obras pela sua própria natureza. Por outro lado, no caso de uma igreja que se limite a praticar e ensinar uma fé falsa, como por exemplo na salvação pelas obras, ao invés da graça de Deus mediante a simples fé na obra redentora do Salvador Jesus Cristo, concordo que ela está morta.
Compreendo a sua preocupação pelos que nunca vieram a conhecer o verdadeiro Deus e a obra redentora do Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Poderíamos ter sido um deles se Deus não tivessese revelado a nós de uma forma ou outra. Sem dúvida, nós os que fomos assim privilegiados, tivemos a escolha de nos arrepender dos nossos pecados e nos submeter a Deus, aceitando o Seu Filho como nosso Senhor e Salvador, ou de, altivamente, recusar-nos a fazê-lo. Tomando esta segunda opção muitos permanecem em seus pecados, continuam afastados de Deus e assim permanecerão por toda a eternidade. Um dia serão submetidos ao juízo e depois castigados.
Mas a sua pergunta concerne aos demais, que, por ignorância, nunca tiveram essa opção. Realmente a Bíblia não nos dá uma resposta taxativa a respeito deles, embora geralmente se conclua por inferência que, como a humanidade em geral está em pecado, e Jesus Cristo é o único Caminho para a salvação do castigo (morte eterna) devido aos pecadores, quem nunca chegou a conhecê-lo está perdido. Muitos sustentam uma doutrina calvinista, segundo a qual Deus escolhe para si os que vão ser salvos, e a estes apenas se dará a oportunidade de salvar-se. Em outras palavras, os que se perdem por rejeição ou ignorância não foram eleitos por Deus para serem salvos.
No ensino mais amplo de Cristo, aprendemos nas "bem-aventuranças" que a salvação é para o pobre de espírito e para os que têm fome e sede da justiça; nas parábolas do "filho pródigo" e do publicano é para o perdido que reconhece o seu pecado e procura o perdão de Deus. As características aqui vistas são o reconhecimento e o arrependimento do pecado - a alma que se salva é aquela que sente o seu pecado e deseja ser perdoada por Deus: para agradar a Deus é essencial que ela creia que Ele existe e que é galardoador dos que O buscam (Hebreus 11:6). Assim como uma criança confia em seu pai, de quem depende, a alma que pode ser salva é aquela que segue a justiça, luta para praticá-la, reconhece sua incapacidade, mas confia em Deus para o que lhe falta.
Deus nosso Salvador quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade (1 Timóteo 2:4). O conhecimento da salvação gratuita que o Senhor Jesus nos propiciou permite que ela seja aceita e que tenhamos desde agora paz em nossas almas, o usufruto das bênçãos do novo nascimento pelo Espírito Santo, a entrada na igreja de Cristo e a luz do Evangelho. A Bíblia silencia sobre os que nunca ouviram sobre essa salvação.Certamente não serão salvos pelas obras de justiça que tenham feito, mas porventura a misericórdia do nosso Deus não os alcançará se tiverem as características e a fé acima? Um dia saberemos, mas podemos nos tranquilizar sabendo que, além de perfeitamente justo, Deus é também riquíssimo em misericórdia. Ele disse a Moisés "compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia" (Romanos 9:15). Deixemos isto em Suas competentes mãos.
Não existe tal coisa. A salvação é dada para cada pessoa que pessoalmente se arrepende do seu pecado e recebe a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Nessa ocasião ele nasce de novo pelo Espírito Santo e se torna em uma nova criação. Pedro mesmo declarou isso a Cornélio, em caso semelhante: “Todo o que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o Seu nome” (Atos 10:43).
O carcereiro se convenceu do seu pecado com o testemunho de Paulo e Silas, e o episódio do terremoto. Quando ele perguntou: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles lhe responderam: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa”, o mesmo que, “Creia no Senhor Jesus, você e os de sua casa, e serão salvos”. Em seguida pregaram a palavra de Deus a ele, e a todos os de sua casa. Está claro que todos precisavam crer, e por isso Paulo e Silas pregaram a todos eles. Nada sugere que houvesse crianças imaturas em sua casa e que elas foram incluídas sem ter se convertido pessoalmente. Além de esposa, filhos e servos, seria normal naqueles dias ter também em sua casa algum progenitor, irmão ou outro parente.
Este capítulo explica que Israel não foi rejeitado por Deus: muitos judeus estão sendo salvos pela eleição da graça, ou seja, mediante a fé em Cristo, como o próprio apóstolo Paulo.
Assim como no tempo de Elias, Deus reservou para si sete mil homens que não adoraram a imagem de Baal, assim também nesta época atual uma minoria sobrevive pela eleição da graça. Os demais, que buscam justificar-se pelas obras da lei, não o conseguem, e permanecem espiritualmente surdos e cegos. Por causa da sua desobediência, a salvação veio para os gentios; desta forma alguns judeus, enciumados porque a benção de Deus veio aos gentios, recebem o Evangelho.
Paulo exalta o seu ministério aos gentios, para ver se de algum modo pode provocar os judeus e salvar alguns deles. O lugar de privilegio diante de Deus, simbolizado por uma oliveira, foi primeiro ocupado pelos judeus; a maioria da nação de Israel, por sua incredulidade, foi rejeitada (ramos quebrados), enquanto os crentes gentios (oliveira brava) foram admitidos (enxertados na oliveira) à graça de Deus pela fé, participando das bênçãos que vêm de Abraão a quem Deus disse: "em ti serão benditas todas as famílias da terra" - Gênesis 12:3 (raiz e seiva da oliveira).
O versículo 22 ensina que os gentios não devem desprezar os judeus: assim como Deus rejeitou os judeus, como nação, por sua incredulidade e recebeu os gentios por causa da sua fé, também Ele rejeitará os gentios se eles não permanecerem em Deus e aceitará novamente os judeus, como nação, se eles deixarem a sua incredulidade. É mais natural para a nação dos judeus ajustar-se ao reino de Deus quando crer, por causa da sua raiz em Israel, do que para os gentios, que vêm de fora.
"Gentio" aqui não quer dizer a Igreja, ou algum crente em particular. Temos em todo este capítulo o povo de Israel de um lado, e os demais povos, os gentíos, de outro. O Corpo de Cristo jamais poderá ser separado de Cristo, que é a Cabeça, nem um crente pode ser separado do amor de Deus.
Mas os gentíos podem, segundo este versículo, perder a posição privilegiada de que gozam hoje. Paulo agora revela um fato que antes fora encoberto (mistério): a maioria do povo de Israel continuará em sua incredulidade até que haja entrado a plenitude dos gentios (a igreja de Cristo já estará completa, os vivos arrebatados, em Sua presença), mas depois todo o Israel será salvo, na volta do Senhor, conforme profetizado em Isaias 59:20-21.
É impossível alcançarmos com a nossa mente humana a sabedoria, a justiça, o conhecimento de Deus, e seus caminhos. Ninguém pode lhe dar conselhos, Dele e por meio dele e para Ele são todas as cousas. A Ele, pois, a glória eternamente.
João 20:22 é um dos versículos que muita gente acha ser dos mais difíceis de compreender. Não se trata da vinda do Espírito Santo para a igreja, pois esta somente ocorreu depois da ascenção do Senhor Jesus, como explicado em João 7:39, e Cristo mesmo prometera conforme João 16:7. Existem duas explicações plausíveis:
Houve apenas duas ocasiões anteriores, na Bíblia, onde vemos o sopro de Deus transmitindo um espírito: para Adão, quando foi criado (Gênesis 2:7) e na profecia de Ezequiel para dar vida aos ossos que representavam a nação de Israel (Ezequiel 37:9). Era o Espírito de Deus (Ezequiel 37:14). Nesta ocasião o Filho de Deus revivificou o espírito dos seus discípulos com o Espírito Santo trazendo-lhes a vida eterna, em antecipação à descida do Espírito Santo que somente aconteceria no Dia de Pentecoste. Eles assim tiveram a segurança da comunhão eterna com Deus, transitoriamente, até o batismo e selo do Espírito Santo mais tarde.
Tratava-se da apresentação simbólica de uma importante afirmação do Espírito Santo que Ele declarou em seguida.
Alguns entendem que João 20:23 concede poder aos apóstolos (e seus supostos sucessores) para perdoar ou reter pecados. Isto contradiz frontalmente um ensino bíblico básico segundo o qual somente Deus pode perdoar pecados (p.ex. Lucas 5:21). João 20:23 está vinculado ao versículo anterior: é o Espírito Santo de Deus que irá declarar através dos discípulos aqueles a quem os seus pecados são perdoados e aqueles a quem seus pecados serão retidos.
Assim como Mateus 16:19 e Mateus 18:18, é feita uma metáfora usada pelos rabinos segundo a qual se "amarra" e "solta" mediante proclamar e ensinar. Os discípulos do Senhor Jesus, naquele tempo e através dos tempos até agora, declaram o Evangelho de Deus, procedente do Espírito Santo, e ele é que define como e a quem os pecados são perdoados, ou retidos.
Cada vez que o Evangelho é proclamado fielmente, haverá duas opções: a primeira é de aceitação e, em conseqüência, o perdão; a segunda é a rejeição e retenção dos pecados. Os discípulos têm portanto autoridade para dizer: a quem se arrepende dos seus pecados e recebe ao Senhor Jesus como seu Senhor e Salvador, "seus pecados estão perdoados"; quem rejeita arrepender-se e confiar em Cristo, continua com os seus pecados.
Absolutamente não. “A fé não é de todos” (2 Tessalonicenses 3:2).
Sempre houve necessidade da morte sacrificial do Filho de Deus, e foi para isto que Ele veio ao mundo. Deus, em sua presciência, sabia que Ele seria rejeitado pelo Seu povo, como se constata das profecias que tratam do assunto no Velho Testamento. No entanto, o povo de Israel agiu espontaneamente, ao rejeitar o seu Messias. O povo tinha a opção de aceitar a pregação de João Batista e, se isto fizesse, ele teria sido o Elias da profecia e a história tomaria outro rumo que desconhecemos, pois não aconteceu, logo não foi previsto. Vemos no Evangelho o cumprimento de muitas profecias, que dependiam de decisões arbitrárias de homens, mas haviam sido já previstas por Deus. Recomendo a leitura AQUI, onde encontrará mais detalhes concernentes à predeterminação de Deus e o livre arbítrio do homem.
A graça de Deus é um dos Seus atributos eternos, e é revelada em toda a Bíblia, sendo que essa palavra aparece cerca de 70 vezes no Velho Testamento, e mais de 130 no Novo. Apenas para distinguir entre estar debaixo da lei de Moisés, e debaixo da graça de Jesus Cristo é que se diz “período da graça” em conformidade com Romanos 6:14 e 15. A lei de Moisés foi dada aos israelitas, mas os gentíos continuavam apenas debaixo da sua consciência, desde a entrada do pecado (Gênesis 3:24 – Romanos 1:14-16). A palavra “graça” aparece pela primeira vez em Gênesis 6:8, com relação à salvação de Noé do castigo do dilúvio.
A graça de Deus se manifestou das mais diversas formas, sendo sua suprema manifestação a obra da salvação do pecador mediante o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário (Romanos 3:24). Todos temos acesso a essa graça mediante a fé nEle (Romanos 5:2), mas Sua graça não se limita aos que crêm depois da Sua morte: em virtude da execução certa deste sacrifício posteriormente, muitos foram justificados pela graça de Deus mediante a fé anteriormente (Hebreus 11), até os que viviam enquanto Ele esteve aqui antes da Sua morte.
A fé do doente não traz, e nunca trouxe, a sua cura. A única coisa que sua fé pode fazer é encaminhá-lo a Quem tem esse poder. Quando o Senhor Jesus estava na terra, vemos que curou doentes que criam nEle e O procuravam para ser curados. Mas não era uma condição essencial, pois também curava doentes que não O procuraram, e ressuscitou mortos, sinais que dava a todos provando que era o Filho de Deus, o Messias.
Mas também perdoou os pecados de alguns que evidenciaram que criam nEle. Os exemplos daqueles a quem Ele disse “a tua fé te salvou” são poucos, ou seja:
Em Lucas 7:36-50 temos o episódio da mulher pecadora que trouxe um vaso de alabastro com bálsamo, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo. Ela tinha uma percepção da identidade da Sua pessoa muito mais clara do que a do fariseu Simão, que presenciava a cena, mas o Senhor declarou que ela O amava muito mais do que Simão, porque os seus muitos pecados haviam sido perdoados. E disse à mulher: “perdoados são os teus pecados”. Sua alma havia sido salva por causa da sua fé.
A expressão traduzida por “o fizer pecar” é “skandalizei se” no grego. A ideia é de apanhar numa armadilha, sendo que “skandalon” é a parte da armadilha que solta a tampa para prender o animal que a toca. O Senhor Jesus disse que se o olho ou a mão é como essa parte, arranque-se o olho ou corte-se a mão. Obviamente não se deve fazer isso literalmente, pois ninguém vai escapar do inferno mediante uma mutilação: não é o corpo físico que será lançado, mas o espírito do pecador.
O pecado começa na mente, e para que os pensamentos se mantenham puros é necessária uma severa disciplina, comparando-se a arrancar um olho, ou cortar uma mão. Os que pensavam que podiam entrar no reino de Deus mediante a obediência literal da lei de Moisés estavam enganados, pois a sua natureza era pecaminosa, e estavam condenados ao inferno. Os que recebem a Cristo como seu Senhor e Salvador "morrem" para a lei pelo corpo de Cristo, que foi morto em seu lugar (Romanos 7:4), e a lei não foi feita para eles (1 Timóteo 1:9). Mas a lei de Moisés continua valendo para os incrédulos, pois é mediante a lei que os seus pecados são evidenciados, assim convencendo-os da necessidade de arrependimento e da remissão que somente pode ser conseguida mediante a fé no Salvador, Jesus Cristo.
Os crentes em Cristo pertencem ao reino de Deus, tendo sido libertos da observância da lei de Moisés para em seu lugar servir a Cristo e dar fruto para Deus. O reino de Deus tem sua lei, a lei do Messias (1 Coríntios 9:21), de certa forma mais exigente do que a lei de Moisés, e que se resume em amar aos outros como a si mesmo e não fazer mal ao próximo (Romanos 13:8-10). A lei de Moisés dava uma medida de justiça apenas: mas os súditos do reino de Deus devem ir além disso e ser perfeitos assim como é perfeito o seu Pai nos céus. Esta perfeição é a maturidade espiritual que permite ao crente imitar a Deus, que abençoa a todos sem parcialidade.
O Senhor Jesus esclarece que quem "violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus". Notemos que não existe a pena de morte, pois o crente não perde a sua salvação, que é eterna, mas o seu grau de obediência influirá sobre a sua posição no reino. Essa ilustração que ele deu é uma forte exortação ao auto-controle.
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