A restauração de Israel - versículos 8 a 26
O Senhor declara que ouviu a oração de Seu Servo quando, na condição humilde que compartilhou com seu povo, Ele ofereceu “com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que podia livrar da morte” (Hebreus 5:7). Na hora certa Ele atendeu e ajudou Jesus Cristo, Seu Servo, em Sua missão salvadora na terra, terminando em Sua morte e ressurreição. O Senhor Jesus ainda voltará para cumprir o restante da promessa, que é de restaurar a terra ao povo para lhe dar em herança as herdades assoladas.
Que Cristo é dado como "um pacto do povo" indica o vínculo pessoal que doravante irá unir a nação a Ele, como resultado de ter sido ouvido e ajudado. Os exilados prisioneiros serão libertados e, sendo restaurados à sua terra, se manifestarão como Seu povo.
Em seguida temos uma das descrições mais gloriosas dos efeitos da segunda vinda de Cristo. As promessas excedem qualquer coisa que teve lugar no retorno do cativeiro sob Ciro:
As pessoas são retratadas como um rebanho voltando para casa: "Eles pastarão nos caminhos," significando que serão sustentados no caminho, encontrando alimento até nos lugares mais difíceis: “em todos os altos desnudados haverá o seu pasto” (versículo 9).
Nunca terão fome nem sede, não sofrerão “nem a calma nem o sol”.
O Senhor os guiará pessoalmente porque se compadece deles, e os “levará mansamente aos mananciais das águas”.
Vindo de todas as partes do mundo, suas viagens serão caracterizadas pela inteira liberdade de obstáculos e dificuldades, “Farei de todos os meus montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas.” São dEle por criação e, portanto, pode tornar tudo favorável para o retorno de seu povo.
Tudo isto também é aplicável às nossas experiências atuais num sentido simbólico: as montanhas de dificuldades que se nos deparam em nossa vida cristã podem tornar-se rodovias de comunhão com Deus e de comunhão alegre com seu povo, se confiarmos no Senhor de todo nosso coração e nos entregarmos inteiramente para o cumprimento de Sua vontade.
Em breve Israel será reunido para seu designado centro terrestre, vindo de todas as partes do mundo: "Eis que estes virão de longe, e eis que aqueles do Norte e do Ocidente, e aqueles outros da terra de Sinim” (versículo 12). O Ocidente parece ser um termo geral incluindo a África, Europa e as Américas. A localização da “terra de Sinim” é desconhecida, mas provavelmente diz respeito a todo o Oriente (para completar o mundo), a terra de Sinar (Gênesis 10:10), do Sineu (Gênesis 10:17) e mesmo a China como é sustentado por orientalistas. Tsin foi o titular de um reino feudal em Shen-Sim, na China, o primeiro rei que começou a reinar em 897 A.C., uns dois séculos antes de Isaías, e não é de todo improvável que a existência dos chineses era conhecida em Israel e na Ásia Ocidental em geral.
Tal perspectiva gera o chamado de júbilo pelos céus, a terra e as montanhas, "porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadeceu dos seus aflitos” (versículo 13), um notável regozijo após o profundo lamento da nação durante o seu longo período de sofrimento.
A tribulação foi de fato um castigo judicial, mas a incredulidade do povo, ao invés de arrependimento para com Deus, o leva a queixar-se de ter sido abandonado e esquecido pelo Senhor. Essa denúncia provoca uma refutação e uma garantia, pois o amor de Deus não só é inalienável como o amor de mãe, mas o ultrapassa.
Longe de esquecer Sião (nome novamente usado para os habitantes de Jerusalém), Ele diz "Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim” (versículo 16). Os judeus tinham o costume de marcar nas suas mãos, ou em outro lugar, uma figura da cidade e do templo, como um sinal de sua devoção e perpétua lembrança deles. O Senhor gentilmente adota essa figura para confirmar a Sua garantia. Os seus muros estão assim sempre diante dEle.
Desde o versículo 17 até 21 temos um relato sobre a grande quantidade de judeus que voltarão à sua terra, ao ponto de segredarem aos ouvidos de Sião que sua terra está se tornando estreita demais para contê-los todos, e Sião ficará surpresa.
Seu povo tinha sido exilado e errante e ela tinha sido deixada sozinha sem saber onde fora. Agora ela se encontra rodeada por uma multidão de seus filhos. Onde eles teriam estado? Às vezes o Senhor não nos informa ou esclarece o que está fazendo, e nos deixa esperando até a hora apropriada para ficarmos sabendo. Assim Ele testa a nossa fé, e nos dá maior alegria vendo o resultado final, do que a de acompanhar cada passo.
A resposta do Senhor às perguntas que Sião guardava então no seu coração é dada no restante deste capítulo:
Quem gerou tão grande população visto que ela própria era desfilhada e solitária, exilada e errante? Cerca de dois séculos depois desta profecia, a terra de Israel foi ocupada por nações estrangeiras por cerca de 28 séculos, e seus ocupantes foram dispersos pelo mundo inteiro. Só muito recentemente voltaram a ocupar uma pequena fração do seu território. Mas apesar disto os judeus mantiveram a sua identidade e o seu número cresceu no exílio – mesmo fora da sua terra, espalhados pelo mundo sem estrutura governamental. Apesar da sua recusa em aceitar o Messias, Deus foi fiel às Suas promessas e conservou a semente dos patriarcas através do mundo para completá-las na ocasião prevista.
O próprio Senhor Deus arvorará a Sua bandeira no mundo e a Sua mão compelirá as nações a trazer todos os judeus para ocuparem toda a Sua terra (versículo 22). As maiores autoridades dos gentíos se submeterão aos judeus, “e saberás (Sião) que eu sou o Senhor, e que os que por mim esperam não serão confundidos” (versículo 23, veja também Salmo 72:9 e Miqueias 7:17).
Deus diz “eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos eu salvarei”... “e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó” essa é a promessa inabalável de Deus aos judeus (versículos 25 e 26).
Quanto ao versículo 25, os cativos poderão ser os justos que o Senhor vai arrebatar das mãos do Anticristo, a quem Satanás vai instigar na tentativa de exterminar os judeus, a exemplo de Adolf Hitler. A garantia é aqui dada que o próprio Senhor irá lutar contra “o valente” e “o tirano”. A passagem novamente aponta para o tempo do Armagedom e a segunda vinda de Cristo. Com a informação “sustentarei os teus opressores com a sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão” todo mundo vai descobrir e reconhecer que o Senhor Jesus é o Senhor, o Salvador de Israel e Redentor, “o Poderoso de Jacó”.
Todos os esforços combinados das nações para estabelecer "paz e segurança" na terra, mesmo se for sincero o motivo, e boa a intenção, estão destinados ao fracasso. O último grande conflito do mundo, em que a questão dos judeus veio à tona, demonstrou que só se estabelecerá a justiça de Deus no mundo por ocasião da segunda vinda pessoal de Cristo para exercer o juízo sobre os inimigos de Deus e a libertação do Seu povo.
8 Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te guardarei, e te darei por pacto do povo, para restaurares a terra, e lhe dares em herança as herdades assoladas;
9 para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei; eles pastarão nos caminhos, e em todos os altos desnudados haverá o seu pasto.
10 Nunca terão fome nem sede; não os afligirá nem a calma nem o sol; porque o que se compadece deles os guiará, e os conduzirá mansamente aos mananciais das águas.
11 Farei de todos os meus montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas.
12 Eis que estes virão de longe, e eis que aqueles do Norte e do Ocidente, e aqueles outros da terra de Sinim.
13 Cantai, ó céus, e exulta, ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadeceu dos seus aflitos.
14 Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim.
15 pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
16 Eis que nas palmas das minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.
17 Os teus filhos pressurosamente virão; mas os teus destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti.
18 Levanta os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm ter contigo. Vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes te vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles como a noiva.
19 Pois quanto aos teus desertos, e lugares desolados, e à tua terra destruída, serás agora estreita demais para os moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti.
20 Os filhos de que foste privada ainda dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar; dá-me espaço em que eu habite.
21 Então no teu coração dirás: Quem me gerou estes, visto que eu era desfilhada e solitária, exilada e errante? quem, pois, me criou estes? Fui deixada sozinha; estes onde estavam?
22 Assim diz o Senhor Deus: Eis que levantarei a minha mão para as nações, e ante os povos arvorarei a minha bandeira; então eles trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.
23 Reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o Senhor, e que os que por mim esperam não serão confundidos.
24 Acaso tirar-se-ia a presa ao valente? ou serão libertados os cativos de um tirano?
25 Mas assim diz o Senhor: Certamente os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano será libertada; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos eu salvarei.
26 E sustentarei os teus opressores com a sua propria carne, e com o seu proprio sangue se embriagarão, como com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
Isaías capítulo 49, versículos 8 a 26