Capítulo 5 versículos 1 a 13
Uma busca infrutífera (versículos 1 a 6)
O capítulo 4 descreveu profeticamente a invasão de Judá e a consequente desolação da terra. Para confirmar a justiça deste juízo divino, provando que era plenamente justificado, Jeremias foi instruído pelo Senhor a verificar cuidadosamente por todos os meios disponíveis se podia encontrar alguém que fosse justo e buscasse a verdade dentro da cidade de Jerusalém. O Senhor teria perdoado Jerusalém se tal pessoa fosse encontrada.
A pesquiza de Jeremias abrangeu duas classes:
A massa do povo (versículos 1 a 4):
“Dai voltas às ruas de Jerusalém... informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver se podeis achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.” (v. 1). Valiam as ações em forma de prática e busca. Não só palavras, pois diziam “vive o Senhor” mas juravam falsamente. Era uma profissão espúria de piedade. O Senhor Jesus condenou a falsidade da sua época: "Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim "(Mateus 15:8). O povo do Senhor deve "chegar-se com verdadeiro coração” (Hebreus 10:22).
O Senhor não se deixa enganar pela falsidade do povo: “... acaso não atentam os Teus olhos para a verdade?” (v.3). É bom lembrar que “... todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13). O Senhor estava bem ciente que Seus castigos severos não tiveram efeito em suas vidas, causando Jeremias a dizer, " feriste-os, porém não lhes doeu; consumiste-os, porém recusaram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; recusaram-se a voltar" (v.3). Jeremias talvez esteja procurando circunstâncias atenunates quando diz, sobre o povo “Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus” (v.3).
Os grandes (versículos 5 e 6):
Os "grandes homens", arrazoou Jeremias, "sabem o caminho do Senhor e a justiça de seu Deus" (v. 5). Sua responsabilidade, portanto, é intensificada, pois "a quem muito é dado, muito se lhe requererá” (Lucas 12:48). Mas também entre eles não se encontrou “alguém que fosse justo e buscasse a verdade”: Eles de comum acordo “quebraram o jugo e romperam as ataduras”, em outras palavras, consideravam-se libertos das suas obrigações ao Senhor, que foram assumidas por ocasião do solene pacto mosaico. O castigo, portanto, era inevitável: "portanto um leão (força) do bosque deve matá-los, e um lobo (rapacidade) dos desertos vai destruí-los, um leopardo (rapidez) deve vigiar contra suas cidades: “todo aquele que delas sair será despedaçado: são muitas as suas transgressões, e multiplicadas as suas apostasias” (v.6).
Enquanto alguns comentaristas sugerem que isto refere-se literalmente às feras e outros acham que é simbólico de várias nações predatórias, parece mais provável que é uma alusão à invasão babilônica que se aproximava. Os babilônios se distinguiram por sua força, rapacidade e rapidez em suas invasões.
Seiscentos anos mais tarde, surgiu em Jerusalém um homem praticando a justiça e ensinando a verdade. . Ele nos fez saber "o caminho do Senhor". Deus o Senhor disse dEle: "Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma... em verdade trará a justiça“ (Isaías 42:1 e 3). Os “grandes” da nação tinham "quebrado o jugo e rompido as ataduras”, mas Ele disse: "...Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito a meu respeito: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração” (Salmo 40:7 e 8).
Uma condição terrível (versículos 7 a 13).
"Como poderei perdoar-te? Pois teus filhos me abandonaram a mim, e juraram pelos que não são deuses"(v.7). A pergunta é dirigida a Jerusalém, cujos “filhos” são seus cidadãos. Cometeram duas transgressões imperdoáveis: abandono do Senhor, e entrega à idolatria. Ambos já foram destacados no ministério de Jeremias no capítulo 2, versículos 11, 13,17,19).
A idolatria é frequentemente associada com a imoralidade, formando um par horrendo. Temos um exemplo em 1 Coríntios 10:7,8: “Não vos torneis, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. Nem nos prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num só dia vinte e três mil.” A idolatria e a prostituição estão ligadas pela frase: "o povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar". Este é o caso também aqui, no versículo 7: "quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos". Alguns sugerem que se tratava de templos de ídolos, ou casas de prostituição (NVI). No versículo seguinte lemos que “como garanhões bem alimentados, andavam rinchando cada um à mulher do seu próximo”. Como geralmente acontece, a idolatria abre a porta da imoralidade.
O Senhor está, portanto, plenamente justificado em pronunciar julgamento sobre a nação: "Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? Diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta?” (versículo 9). Em seguida, o Senhor se dirige aos invasores: “Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são do Senhor” (v. 10). Apesar do aleivosamento do povo, o Senhor ainda não havia desistido da descendência de Abraão, a quem fizera uma promessa incondicional de bênção eterna. A respeito disto, leia Romanos 11, e mais esclarecimentos AQUI. O amplo contexto e os outros profetas revelam que Deus queria que um remanescente de seu povo sobrevivesse. A passagem deve ser comparada com Isaías 5:18.
Quando o fim chegar, Judá não terá defesa perante a esmagadora condenação que merece.
1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai- vos, e buscai pelas suas praças a ver se podeis achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.
2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo falsamente juram.
3 ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos para a verdade? feriste-os, porém não lhes doeu; consumiste-os, porém recusaram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; recusaram-se a voltar.
4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus.
5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça do seu Deus; mas aqueles de comum acordo quebraram o jugo, e romperam as ataduras.
Jer 5:6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo dos desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas cidades; todo aquele que delas sair será despedaçado; porque são muitas as suas transgressões, e multiplicadas as suas apostasias.
7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me abandonaram a mim, e juraram pelos que não são deuses; quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos.
8 Como cavalos de lançamento bem nutridos, andavam rinchando cada um à mulher do seu próximo.
Jer 5:9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta?
Jer 5:10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são do Senhor.
Jer 5:11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor.
Jer 5:12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele; nenhum mal nos sobrevirá; nem veremos espada nem fome.
Jer 5:13 E até os profetas se farão como vento, e a palavra não está com eles; assim se lhes fará.
Jeremias capítulo 5, versículos 1 a 13